O Open Finance tem se consolidado como um dos pilares da transformação do sistema financeiro brasileiro. Desde a sua implantação em 2021, o modelo evoluiu rapidamente, reunindo dados, tecnologia e regulamentação para criar um ambiente mais competitivo. Neste artigo, exploramos como essa expansão impacta diretamente a concorrência entre bancos, quais benefícios surgem para consumidores e empresas, e quais desafios ainda precisam ser superados.
A jornada do Open Finance no Brasil começou com a homologação do Banco Central em 2021, estabelecendo um marco regulamentar para o compartilhamento de dados financeiros. A cada fase, novas funcionalidades e participantes foram incorporados, criando um ecossistema dinâmico e em rápida expansão.
Em apenas quatro anos, o cenário passou por três fases principais: abertura de dados básicos, dados complementares e início de serviços de iniciação de pagamentos. Cada etapa foi acompanhada por ajustes técnicos e pela adoção de protocolos de segurança alinhados com a LGPD, garantindo que o cliente seja o verdadeiro proprietário de suas informações.
Hoje, o Brasil figura entre os líderes globais ao lado de mercados como o Reino Unido e a Austrália, alcançando 77% de maturidade no índice de Open Finance, segundo a Capgemini.
O modelo de compartilhamento padronizado permite que novos entrantes e fintechs disputem espaço em um mercado antes dominado por grandes bancos. Essa redução de barreiras de entrada fortalece a competição, estimulando tanto startups quanto instituições tradicionais a inovar.
Os bancos, por sua vez, são pressionados a repensar modelos de atendimento, precificação e oferta de produtos. A portabilidade de dados facilita a comparação de serviços, forçando as instituições a oferecer condições mais atraentes para manter e conquistar clientes.
Na prática, diversas funcionalidades já estão em operação, trazendo ganhos palpáveis para usuários e empresas. O Pix Automático para pagamentos recorrentes, por exemplo, simplifica cobranças mensais, enquanto transferências inteligentes ajudam a evitar o uso do cheque especial.
Para micro e pequenas empresas, o acesso a históricos financeiros completos viabiliza propostas de crédito mais justas e competitivas. Com base em dados de diferentes instituições, as fintechs conseguem oferecer taxas diferenciadas, ampliando o acesso ao capital de giro.
Os resultados até o momento demonstram a força do Open Finance. Mais de 62 milhões de pessoas autorizaram o compartilhamento de dados em 2025, um crescimento de 47,7% em relação a 2023. Além disso, 900 instituições participam ativamente do sistema, e os bancos já investiram cerca de R$2 bilhões em infraestrutura.
Para ilustrar esses impactos, veja a tabela abaixo com os principais indicadores e projeções:
Apesar dos avanços, ainda existem obstáculos a serem superados. A compreensão do público sobre as vantagens e o funcionamento do Open Finance é limitada, o que impacta diretamente a adesão e o engajamento.
Além disso, segurança e privacidade dos dados permanecem como temas sensíveis. As instituições precisam garantir mecanismos robustos de proteção e monitoramento para evitar vazamentos e fraudes, respeitando as diretrizes da LGPD.
As perspectivas para o Open Finance no Brasil são promissoras. Com a entrada de mais 11 instituições em 2025, espera-se que o ecossistema se torne ainda mais robusto, atraindo big techs, marketplaces e novas fintechs.
Funcionalidades avançadas, como transferências agendadas e uso estratégico de dados para prevenção de inadimplência, devem consolidar serviços inteligentes e totalmente personalizados. Estima-se que o país possa disputar até US$416 bilhões em receitas globais na próxima onda de dados abertos.
O Open Finance está redefinindo a lógica de competição bancária no Brasil, promovendo produtos e serviços altamente personalizados e estimulando a inovação em todas as frentes. Consumidores e empresas ganham com mais opções, transparência e condições diferenciadas.
Embora haja desafios a vencer, o modelo acena para um futuro de maior inclusão financeira e de dinamismo no mercado. Agora, cabe a todos os atores — reguladores, instituições e clientes — aproveitarem o momento para construir um sistema financeiro mais justo, aberto e competitivo.
Referências