Ao longo dos últimos anos, o universo das commodities tem exibido movimentos que vão muito além de simples flutuações de preços. Esses ativos vêm se convertendo em pilares estratégicos dentro das carteiras institucionais, graças à sua capacidade de proteção e ao potencial de retorno em cenários adversos.
Neste artigo, exploraremos em detalhes como o desempenho recente das commodities, aliado a tendências macroeconômicas e decisões de investidores, está remodelando a forma como grandes fundos e instituições atravessam períodos de volatilidade e incerteza.
Entre 2021 e 2024, o Índice Bloomberg Commodity (BCOM) apresentou resultados que refletem a resiliência e a dinâmica desses mercados:
Esse histórico ilustra não apenas a capacidade de recuperação após quedas expressivas, mas também a divergência setorial que marcou 2024: metais preciosos, produtos agrícolas e pecuária com ganhos de dois dígitos, enquanto grãos recuaram cerca de 20% e energia e metais industriais apresentaram ligeira queda.
As commodities ganharam um papel de destaque nas carteiras institucionais por três razões principais:
Em 2022, por exemplo, quando as ações recuaram 20%, as commodities subiram 16%, reforçando seu valor como mecanismo de estabilização de portfólio.
Apesar de historicamente as commodities serem associadas a riscos elevados, a volatilidade média de 30 dias do BCOM nos últimos dois anos ficou abaixo de 13%, inferior à média de cinco anos. Essa característica torna esses ativos mais estáveis em períodos críticos do que muitas classes de ações.
A expectativa para 2025 indica ainda maior potencial de valorização, pois:
Em fevereiro de 2025, fundos de ações brasileiros sofreram resgates líquidos de R$ 9,6 bilhões, mas observou-se realocação significativa para crédito privado e setores mais defensivos, como saneamento e energia elétrica.
Esse movimento reflete a busca por ativos previsíveis e resilientes durante períodos de incerteza elevada. Com a estabilização dos juros elevados e o possível aumento do apetite por risco, espera-se que parte desse capital migre para fundos com exposição direta a commodities.
O Brasil tem se beneficiado de taxas de juros reais elevadas e da inflação em desaceleração, atraindo fluxo de capitais que buscam rendimento em moeda local. A projeção de crescimento de 2,3% para 2025, acima do consenso de mercado, reforça o apelo das estratégias que combinam ativos domésticos com commodities.
Além disso, a estabilidade do real frente a outras moedas contribui para reduzir o risco cambial em operações internacionais de compra e venda de matérias-primas.
Na agropecuária, a expectativa de safra ajustada pelos estoques reduzidos sugere preços mais elevados, beneficiando produtores e investidores. No setor de energia, a transição para fontes renováveis e a volatilidade dos mercados de petróleo criam oportunidades táticas.
No segmento de metais industriais e preciosos, a retomada chinesa e as pressões por políticas fiscais expansivas em diversas economias avançadas podem impulsionar a demanda, abrindo espaço para ganhos atrativos.
Para construir portfólios robustos diante de cenários complexos, gestores institucionais devem considerar:
Essa abordagem permite aproveitar pontos de inflexão de preços sem expor excessivamente o portfólio aos riscos inerentes a cada setor.
O desempenho das commodities redefiniu o paradigma de diversificação e proteção em carteiras institucionais. Com resultados expressivos, resiliência diante de choques e perspectivas positivas, esses ativos se consolidam como componentes essenciais para gestores que buscam equilíbrio entre retorno e estabilidade.
Num ambiente em que juros, inflação e dinâmica de demanda global mudam rapidamente, contar com estratégias bem calibradas em commodities pode fazer a diferença entre uma carteira robusta e outra vulnerável aos ciclos econômicos.
À medida que avançamos em 2025, revisitar e ajustar alocações em commodities será fundamental para instituições que desejam manter sua competitividade e oferecer resultados consistentes aos seus investidores.
Referências