Nos últimos anos, as fintechs emergiram como um fenômeno transformador no setor financeiro, remodelando a forma como pessoas e empresas acessam serviços bancários e de investimento. Com soluções que combinam tecnologia de ponta e processos simplificados, essas startups conquistaram espaço junto a um público historicamente excluído do sistema financeiro tradicional.
Este artigo explora dados, exemplos e tendências que ilustram o impacto social e econômico das fintechs no Brasil e na América Latina, evidenciando como elas tornaram possível investir de forma acessível e descomplicada.
O termo fintech une as palavras "financial" e "technology", definindo empresas que utilizam inovações digitais para oferecer serviços financeiros. Elas se destacam pela interface amigável e intuitiva, redução de burocracia e propostas de valor mais atraentes do que os bancos tradicionais.
Essas plataformas geralmente apresentam taxas menores, processos totalmente online e atendimento personalizado. Como consequência, alcançam perfis diversos: microempreendedores, trabalhadores informais, jovens e moradores de cidades menores, públicos antes pouco valorizados pela banca convencional.
O ecossistema de fintechs na região contabiliza 2.712 empresas. O Brasil lidera com 58,7% desse total, ou seja, cerca de 1.593 startups em operação. Entre 2014 e 2024, as fintechs brasileiras arrecadaram US$ 10,4 bilhões em investimentos, equivalendo a 66% do capital aplicado no segmento latino-americano.
O ano recorde foi 2021, quando o setor captou US$ 5,7 bilhões. Em 2019, nasceram 298 novas empresas, o maior número anual. Apesar de a categoria de crédito ser a mais numerosa (477 empresas), as plataformas de serviços digitais atraíram US$ 5,3 bilhões, contra US$ 3,1 bilhões destinados a crédito.
Fintechs trouxeram ao mercado educação financeira acessível e dinâmica, por meio de blogs, vídeos e simuladores. Com apps simples, oferecem opções de investimento que antes eram exclusivas de instituições tradicionais ou de alto patrimônio.
Um exemplo marcante é o Nubank, que começou oferecendo cartão de crédito digital e hoje possui plataforma de investimentos sem taxas escondidas. São mais de 40 milhões de clientes, dos quais 60% nunca haviam investido antes de conhecerem a fintech.
O alcance social das fintechs é perceptível em diversas frentes. Ambulantes e pequenos comerciantes passaram a aceitar pagamentos digitais via QR Code e maquininhas de baixo custo, aumentando vendas em até 40% em poucas semanas.
Produtores rurais obtêm crédito com avaliação de perfil não convencional, sem necessidade de garantias tradicionais. Motoristas de aplicativo, antes limitados a contas pré-pagas, hoje aplicam sobras de caixa e planejam projetos pessoais.
Estudantes e trabalhadores de baixa renda têm acesso a investimentos automáticos com valores mínimos mensais, fortalecendo cultura de poupança desde cedo e impulsionando a formação de patrimônio para novas gerações.
Para manter a competitividade, 53% das fintechs planejam investir em inteligência artificial até 2026, apostando em chatbots mais eficientes, scoring de crédito preditivo e ofertas customizadas. O uso de APIs e Open Finance amplia a colaboração entre bancos e fintechs.
Atualmente, 46% das fintechs brasileiras já possuem licença do Banco Central, demonstrando amadurecimento e credibilidade no ecossistema. A evolução regulatória caminha lado a lado com a expansão das soluções.
Apesar do crescimento acelerado, desafios persistem. A ampliação do acesso digital em regiões remotas requer investimentos em infraestrutura e inclusão digital. Além disso, a educação financeira ainda é incipiente em muitas comunidades.
Reguladores precisam equilibrar proteção ao consumidor e estímulo à inovação. A integração de novas tecnologias, como blockchain e Web3, pode gerar oportunidades, mas também demanda atualização legal e supervisão eficaz.
O futuro das fintechs na democratização dos investimentos parece promissor. Com inovação contínua, regulação adequada e foco na inclusão, essas empresas seguirão desempenhando papel vital na construção de um mercado financeiro mais justo e acessível para todos.
Referências