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Fundos de infraestrutura se destacam no portfólio institucional

Fundos de infraestrutura se destacam no portfólio institucional

06/04/2025 - 17:31
Bruno Anderson
Fundos de infraestrutura se destacam no portfólio institucional

Os fundos de infraestrutura têm ganhado cada vez mais relevância dentro das estratégias de investimento de grandes clientes institucionais, como fundos de pensão, seguradoras e fundações. Com um apelo de diversificação e estabilidade de rendimentos, esses veículos oferecem exposição direta a projetos essenciais ao desenvolvimento do país. Neste artigo, exploramos em detalhes o funcionamento, o arcabouço regulatório, as tendências de mercado, as vantagens e desafios, além de oferecer uma visão prática para gestores e investidores institucionais.

Definição e funcionamento dos FI-Infra

Os Fundos de Infraestrutura (FI-Infra) destinam-se a aplicar majoritariamente em ativos ligados ao setor de concessões, como energia, saneamento, transportes e logística. Entre os principais componentes de sua carteira, destacam-se as debêntures incentivadas, certificados de recebíveis de infraestrutura e FIDCs específicos. Essas estruturas costumam ser organizadas em condomínio fechado com prazo determinado, o que limita resgates antecipados, mas permite negociação de cotas no mercado secundário da B3.

O gestor, em muitos casos, adota uma gestão passiva baseada em índices, buscando replicar benchmarks de infraestrutura e garantir previsibilidade nos fluxos de caixa. Essa estabilidade atrai instituições que demandam renda regular e proteção inflacionária, essenciais para o cumprimento de passivos de longo prazo.

Contexto regulatório e histórico recente

O marco legal para os FI-Infra ganhou força com a Instrução CVM 606, implementada em 2020, que padronizou regras de oferta e prestação de informações. Em paralelo, a Lei 14.173/23 e recentes resoluções do Conselho Monetário Nacional reforçaram a atratividade do setor de saneamento, abrindo espaço para projetos de tratamento de água e esgoto com isenção fiscal para investidores.

Esses aperfeiçoamentos regulatórios criaram um ambiente de maior segurança jurídica, estimulando emissões crescentes de debêntures incentivadas e atraindo um público institucional mais diversificado. Em consequência, o mercado vem testemunhando um ciclo virtuoso de captações e ampliações de carteira.

Crescimento e tendências recentes

Nos últimos anos, o setor privado aumentou significativamente sua participação no financiamento de infraestrutura. Apesar de ainda estar abaixo do volume requerido para atender a todas as demandas nacionais, observamos crescimento consistente dos investimentos, impulsionado por receitas previsíveis e retorno atraente.

O número de fundos de infraestrutura e o volume captado têm avançado de forma expressiva, conforme demonstram dados setoriais. A demanda por debêntures incentivadas, principal ativo desses fundos, segue em alta, refletindo o apetite dos investidores por ativos de longo prazo.

Papel estratégico no portfólio institucional

Os FI-Infra cumprem papel fundamental na diversificação de carteiras, oferecendo exposição a setores pouco correlacionados ao ciclo econômico tradicional, como transporte rodoviário e saneamento básico. Essa característica é valorizada por gestores que buscam reduzir volatilidade geral e proteger patrimônio.

Além disso, a defesa contra a inflação por ativos indexados e a isenção de imposto de renda sobre os rendimentos de debêntures incentivadas para pessoas físicas tornam esses fundos ainda mais atrativos.

Sustentabilidade e critérios ESG

Grande parte dos FI-Infra incorpora, em suas políticas de investimento, critérios ambientais e sociais rigorosos. Esses fundos avaliam impactos de projetos no uso de recursos hídricos, emissão de gases de efeito estufa e inclusão social das comunidades locais. Essa abordagem alinha-se às exigências de grandes investidores internacionais e reforça a reputação das instituições que aderem a práticas sustentáveis.

A adoção de métricas ESG também impulsiona a inovação, gerando novos produtos financeiros, como fundos temáticos voltados à transição energética e à economia circular.

Oportunidades e desafios para a próxima década

  • Expansão de concessões em transporte e saneamento, com foco em investimento sustentável de longo prazo.
  • Crescimento de modelos FIM-Infra (multimercado), ampliando estratégias de gestão ativa.
  • Integração de projetos de energia renovável em larga escala, como parques eólicos e solares.
  • Limitação no volume de oferta de ativos adequados, ainda dependentes de investimentos públicos.
  • Necessidade de evolução contínua dos marcos regulatórios para maior segurança jurídica.
  • Desafios na mensuração e divulgação padronizada de indicadores ESG.

Prognóstico e recomendações

Para se posicionar de forma eficiente nesse cenário, gestores institucionais devem monitorar de perto mudanças regulatórias e oportunidades em setores estratégicos, como logística portuária e infraestrutura de dados. A diversificação em fundos de diferentes estratégias — passivas e ativas — permite balancear risco e retorno, ajustando as carteiras às necessidades de perfil e horizonte de cada instituição.

É recomendável realizar due diligence detalhada, observar ratings de crédito dos projetos e priorizar fundos com histórico comprovado de governança e sustentabilidade. Dessa forma, as instituições estarão preparadas para capturar ganhos consistentes e cumprir suas obrigações de longo prazo com maior segurança.

Em síntese, os fundos de infraestrutura permanecem como uma alternativa robusta para instituições que buscam renda previsível e diversificação eficiente, contribuindo de maneira significativa para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Bruno Anderson

Sobre o Autor: Bruno Anderson

Bruno Anderson