O ritmo acelerado de fusões e aquisições no setor industrial brasileiro revela um cenário em transformação, marcado por grandes volumes de investimento e um perfil estratégico de crescimento.
No acumulado até abril de 2025, mercado brasileiro de M&A movimentou R$ 56,5 bilhões, resultado de 537 transações concretizadas.
Em 2024, o segundo trimestre registrou um aumento de 17% no número de negociações em comparação ao mesmo período do ano anterior. Foram 365 operações de aquisição no segundo trimestre de 2024, conforme relatório da KPMG, apontando um amadurecimento e seletividade do mercado.
No primeiro semestre de 2024, o total de transações atingiu 776 operações, representando um crescimento de 5,3% em relação ao mesmo período de 2023. Apesar do avanço, o volume financeiro de R$ 178 bilhões no ano passado, embora 41% superior ao registrado em 2023, ainda ficou abaixo da média anual observada entre 2020 e 2022, que contabilizou 222 transações e R$ 245 bilhões por ano.
*Dados parciais
Enquanto isso, o período de 2020 a 2022 estabeleceu um parâmetro de atividade elevada, com médias de 222 transações ao ano e movimentação de R$ 245 bilhões. O cenário atual, embora promissor, ainda busca recuperar aquele pico de dinamismo, impulsionado pela necessidade de consolidação e digitalização forçada durante a pandemia.
As operações recentes indicam foco em eficiência, inovação e expansão de portfólio, mais do que simples aumentos de participação de mercado. O movimento de transformação digital e a busca por sustentabilidade aceleram movimentos em segmentos como energia renovável e tecnologia.
Além disso, as decisões são cada vez mais orientadas por análises de mercado detalhadas, integração de TI e governança corporativa, reforçando o caráter estruturado das aquisições e o papel de assessorias especializadas.
Apesar de 60% das transações serem domésticas no segundo trimestre de 2024, investidores estrangeiros responderam por 28% das aquisições, motivados pela desvalorização cambial e custos competitivos que tornaram ativos brasileiros mais atrativos.
O interesse externo concentra-se sobretudo em segmentos alinhados a tendências globais, como energias renováveis e tecnologia. Simultaneamente, fundos locais reforçam operações de consolidação e verticalização de cadeias produtivas.
Entre os investidores, destacam-se fundos de private equity e venture capital, que aportam recursos e expertise para acelerar o desenvolvimento de empresas nacionais, especialmente em áreas de inovação e sustentabilidade.
As empresas buscam, sobretudo, sinergias operacionais e ganhos de eficiência para enfrentar um mercado competitivo e em constante mudança. Entre os principais motivos estão:
No entanto, a integração de culturas organizacionais distintas, consolidação de sistemas de TI e governança e a sensibilidade a mudanças regulatórias impõem desafios que exigem planejamento robusto e equipes multidisciplinares.
Alguns negócios recentes ilustram o espírito estratégico das aquisições no setor industrial brasileiro:
Essas transações não apenas movimentam recursos significativos, mas também redesenham cadeias produtivas, promovem transferência de tecnologia e fortalecem a competitividade global das empresas brasileiras.
O movimento de fusões e aquisições reforça a busca por maior eficiência, capacidade de investimento e resiliência das empresas. Em um ambiente econômico volátil, negócios com fundamentos sólidos tendem a absorver melhor oscilações e incertezas.
Do ponto de vista social, essas operações podem gerar aumento de empregos qualificados, expansão de investimentos em infraestrutura e aceleração de projetos de inovação, beneficiando comunidades e ecossistemas regionais.
Para os próximos anos, a expectativa é de continuidade na diversificação setorial, com ritmo forte em energia limpa, tecnologias industriais e logística. Analistas apontam que o Brasil caminha para se consolidar como um polo atrativo de capitais externos, sobretudo em negócios com critérios ESG e alinhados a estratégias de longo prazo.
Em síntese, o setor industrial brasileiro vive um momento ímpar de consolidação e modernização. As fusões e aquisições emergem como instrumentos essenciais para promover inovação, competitividade e sustentabilidade, pavimentando o caminho para um mercado mais dinâmico e integrado globalmente.
Referências