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Mercado de trabalho aquecido pressiona custos em setores estratégicos

Mercado de trabalho aquecido pressiona custos em setores estratégicos

07/07/2025 - 16:43
Marcos Vinicius
Mercado de trabalho aquecido pressiona custos em setores estratégicos

Em 2025, o mercado de trabalho brasileiro registra indicadores sem precedentes, mas esse aquecimento traz desafios significativos de custo para setores vitais ao desenvolvimento nacional. Neste artigo, exploramos dados, impactos e soluções práticas para empresas e governo.

Aquecimento do mercado de trabalho em 2025

O cenário de emprego em maio de 2025 destacou-se com mínimos históricos de desemprego, atingindo 6,2% no trimestre.

Essa queda de 0,6 ponto percentual em relação aos três meses anteriores e de 1,1 p.p. sobre 2024 representa a menor taxa para o mês em 13 anos. Projeções sugerem que o desemprego pode fechar o ano em torno de 5,5%, consolidando a tendência de aquecimento.

O avanço na formalização é outro destaque: foram 654.503 vagas formais criadas no primeiro trimestre, com saldo positivo de 71.576 postos em março. O total de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu 39,8 milhões, alta de 3,7% ante 2024.

Além disso, a massa de rendimento real habitual cresceu 5,8% em um ano, beneficiando diretamente a renda das famílias e fortalecendo o consumo interno.

Impactos nos setores estratégicos

Com o aumento da demanda por profissionais, setores-chave sentem a pressão por mão de obra qualificada. Empresas de infraestrutura, tecnologia, agroindústria, complexos industriais de saúde e transição energética disputam talentos.

O programa federal Nova Indústria Brasil (NIB) e as políticas de compras públicas nacionais buscam apoiar esses segmentos, mas convivem com o desafio de compensar o custo trabalhista elevado.

Segundo o Observatório do Custo Brasil, o impacto anual supera R$ 1,7 trilhão, e apenas a plena implementação de seis agendas estratégicas poderia reduzir até R$ 530 bilhões em custos ao longo da próxima década.

Desafios para empresas e MPMEs

Com o desemprego em baixa, as organizações enfrentam dificuldade para preencher vagas rapidamente, sob risco de perda de produtividade. A disputa por talentos impulsiona a alta nos salários e serviços, pressionando a inflação especialmente no segmento de serviços.

Micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) sofrem mais intensamente, pois dispõem de menos recursos para concorrer com grandes grupos em pacotes de remuneração e benefícios.

  • Dificuldade em recrutar profissionais qualificados
  • Aumento dos gastos com folha de pagamento
  • Risco de afastamento de planos de expansão
  • Necessidade de estratégias ágeis de retenção

Em resposta, muitas empresas adotam programas de trainee acelerado, parcerias com universidades e processos seletivos mais dinâmicos, reduzindo o tempo de contratação.

Respostas de políticas públicas e setor privado

O governo federal e governos estaduais têm promovido iniciativas para equilibrar oferta e demanda de trabalho, incentivar a inovação e reduzir custos. Entre elas, destacam-se:

  • Incentivos fiscais para investimentos em setores prioritários
  • redução de entraves burocráticos em licitações e registro de empresas
  • Programas de fomento à transformação digital nas indústrias
  • Estímulo a parcerias público-privadas em educação técnica

Essas medidas visam amortecer a força da inflação de custos produtivos, sem comprometer o ritmo de geração de empregos.

O Banco Central acompanha de perto o impacto do ciclo salarial sobre a inflação de serviços, avaliando a necessidade de ajustes na política monetária para preservar a estabilidade de preços.

Perspectivas e recomendações

Para garantir competitividade, empresas e governo devem coordenar esforços em diversas frentes. É essencial combinar ganhos de produtividade com uma gestão estratégica de pessoas.

  • Incorporar tecnologia e automação em processos repetitivos
  • Fortalecer programas de treinamento contínuo
  • Fomentar a cultura de inovação e intraempreendedorismo
  • Expandir a formalização sem onerar excessivamente as folhas

Ao mesmo tempo, é imprescindível aperfeiçoar as agendas do Observatório do Custo Brasil, ampliando as economias já obtidas (R$ 86,71 bilhões entre 2021 e 2023) e avançando na desburocratização.

Somente com ações coordenadas será possível manter o forte dinamismo na geração de empregos formais e conter o avanço dos custos, assegurando dinamismo na geração de empregos formais e crescimento sustentável e controle da inflação.

Marcos Vinicius

Sobre o Autor: Marcos Vinicius

Marcos Vinicius