O impacto ambiental, social e de governança corporativa, conhecido pela sigla ESG, deixou de ser uma pauta secundária para se tornar protagonista. Em 2025, investir com critérios sustentáveis não é apenas uma tendência, mas uma exigência do mercado global. Este artigo apresenta as principais transformações na forma como ativos são escolhidos, destacando dados, práticas e desafios específicos do contexto brasileiro.
Desde o início da década, o conceito ESG ganhou força e conquistou a atenção de grandes gestoras e investidores individuais. Segundo estimativas, em 2025 o valor global dos ativos sob gestão com critérios ESG atingirá US$ 53 trilhões, o que equivale a um terço do total mundial de US$ 140,5 trilhões. Essa evolução demonstra que sustentabilidade e rentabilidade caminham lado a lado.
A Europa lidera esse movimento em volume de recursos, mas foram os Estados Unidos que apresentaram a expansão mais acelerada nos últimos anos. No Brasil, o tema também avança em ritmo robusto, impulsionado por empresas comprometidas com práticas éticas e pela crescente pressão de investidores que buscam transparência e responsabilidade socioambiental.
No Brasil, além das grandes gestoras, investidores individuais têm buscado fundos ESG impulsionados pela percepção de risco climático e social. Plataformas de investimento digital disponibilizam hoje relatórios simplificados, o que facilita a comparação entre opções e incentiva a popularização desses ativos.
Em um panorama marcado por inovações e desafios globais, as tendências ESG definem os critérios que guiarão as decisões de alocação de capital. Confira as áreas que ganharão ainda mais relevância:
Com o ESG em evidência, órgãos reguladores aprimoram normas para garantir consistência e comparabilidade das informações divulgadas pelas empresas. No Brasil, a Resolução CVM 193/2023 em vigor exige que companhias abertas apresentem relatórios financeiros alinhados a indicadores de sustentabilidade a partir de 2026.
Além disso, a implementação de uma taxonomia sustentável nacional, inspirada no modelo europeu, deve oferecer um framework claro para classificar ativos considerados verdes. Paralelamente, o mercado de carbono cresce em importância, impulsionado por políticas como a Lei nº 15.042/2024, que reforçam o papel de ativos ligados à redução de emissões.
Ainda no campo regulatório, espera-se maior fiscalização e aplicação de penalidades para empresas que apresentem informações enganosas ou incompletas em suas práticas ESG. Isso reforça a necessidade de processos internos robustos e de auditorias independentes de sustentabilidade para validar dados e demonstrar credibilidade.
A escolha de ativos que incorporam critérios ambientais, sociais e de governança requer modelos de avaliação robustos. Gestores adotam indicadores que contemplam o tripé ambiental, social e de governança, alinhados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Para cada investimento, são considerados fatores como pegada de carbono, práticas de diversidade e políticas anticorrupção. Os ativos que demonstram forte resiliência a riscos regulatórios e reputacionais tendem a oferecer retornos mais estáveis no longo prazo, reforçando o conceito de valor compartilhado.
Ferramentas analíticas e sistemas de rating ESG ganham destaque ao fornecer uma visão integrada dos riscos e oportunidades. Investidores contam com relatórios que apresentam scores detalhados, abrangendo desde emissões de carbono até indicadores de inclusão e governança, o que amplia a capacidade de tomada de decisão.
A diversidade e a inclusão ganharam espaço como vetores de performance e inovação. Empresas que promovem liderança plural e engajamento comunitário atraem talentos e estimulam a criatividade em seus conselhos e equipes.
No Brasil, iniciativas de equidade de gênero e inclusão étnica são cada vez mais vistas como diferencial competitivo. Projetos que destacam mulheres em cargos de direção ou que incorporam pessoas de diferentes origens geram valor social e fortalecem a marca empregadora no mercado.
Os investimentos de impacto também se consolidam como estratégia para gerar resultados financeiros e benefícios socioambientais diretos. Projetos comunitários, desenvolvimento de infraestrutura sustentável e iniciativas de inclusão digital são exemplos de alocação que promovem transformação local e potencializam retornos de longo prazo.
A realização da COP30 em Belém, no Pará, representa uma oportunidade única para o Brasil reafirmar seu compromisso climático e demonstrar soluções inovadoras para a conservação da Amazônia. A expectativa é que empresas atuem de forma integrada em fóruns internacionais e adotem compromissos tangíveis.
Por outro lado, as companhias brasileiras enfrentam o desafio de compatibilizar práticas sustentáveis com competitividade. A adesão a padrões ESG é um passaporte para acessar mercados globais, obter capital estrangeiro e ganhar avaliações positivas em agências de rating, fortalecendo a reputação corporativa.
As fintechs e startups brasileiras não ficam de fora dessa revolução. Várias empresas do setor financeiro têm criado soluções de blockchain para rastreamento de ativos verdes e plataformas de financiamento colaborativo, estimulando a inovação e a participação de pequenos investidores nos processos de ESG.
O caminho para uma carteira de investimentos alinhada ao ESG é construído sobre transparência, métricas confiáveis e visão de futuro. Com regulamentação mais rigorosa e pressões de mercado, gestores e empresas que incorporarem essas práticas estarão melhor posicionados para gerar impacto positivo e retorno financeiro sustentável.
Ao olhar para 2025, as tendências apontam para uma seleção de ativos cada vez mais orientada pela responsabilidade socioambiental. Investidores e organizações que entenderem essas dinâmicas serão protagonistas na construção de um mercado financeiro mais justo, resiliente e inovador.
Referências